Capitulo 5 - Sinceridade no Olhar

Enquanto nossos lábios se tocavam levemente após uma declaração mutua minha mente não consegui não divagar e me lembrei quando a conheci.


Foi em uma quarta-feira em que pude ve-la pela primeira vez.
Lembro que foi logo após eu terminar a faculdade pública de música porque não havia conseguido entra para a orquestra, por isso a depressão me atacava profundamente.


Sei que não parece, mas violoncelo é minha paixão.
Tenhos amigos que diziam que meus cabelos pretos combinam com o violoncelo, ainda acho que eles me dão um ar meio dark, por assim dizer. Por isso que não gosto de usar preto. Calça jeans e blusas simples são a minha melhor opção.


Moro com meu pai e meu irmão em uma casa na área pobre da cidade e na pior parte do bairro. Sempre brigo com meu irmão quando ele me chama de mãe, mas ele faz para implicar. Já que a nossa morreu, ele diz que sou velha e me chama de mãe.
Meu pai é um trabalhador honesto, e por essa razão ganha pouco.
Tenho uma prima, que ia tirar licença maternidade e precisava de alguém para substitui-la no emprego com empregada. Já que não estava fazendo nada, eu me candidatei. Nada melhor para matar o tempo do que algo para ganhar dinheiro. Ainda mais eu querendo me livrar da depressão.


Para começar, achei que ia odiar o lugar. Cheio de prédios altos, ainda mais super longe da minha casa. Um ambiente de ricos. Odeio lugares assim, nos discriminam sem ao menos quererem saber a nossa história.
Último andar de um prédio de vinte um andares. Limpar a varanda que ia ser dificil pelo meu grande medo de altura.


E foi nesse momento em que eu a vi.
Havia tocado a campainha e estava de costas olhando o corredor, quando ouvi uma voz atrás de mim.
- Sim?
Me virei esperando encontrar uma mulher adulta, com seus quase cinquenta anos, mas o que meus olhos viram foi outra pessoa.
- Senhora Lopes? - meu coração estava disparado, minha mãos mexiam inquietas e meus pensamentos mais diversos.
- Ah tá. MÃÃEEE!! PRA VOCÊÊÊ!!
- QUEM Éé? - uma voz gritou de dentro da casa.
- Qual seu nome? - me perguntou a garota que era mais alta que eu.
- Jennifer - estava tentando parecer o mais calma possivel, mas não conseguia empedir os meus joelhos de tremerem.
- JENNIFERR!!
- AH TÁ!! FALA QUE EU JÁ ESTOU INDOO!
- Ela já vem. - ela deu um sorriso, enquanto ajeitava o cabelo bagunçado. Dava para perceber que ela estava cansada pois estava suada como se estivesse fazendo exercício.
Quando eu ia abrir a boca para falar com ela, surgiu um cara que a envolveu pela cintura e sussurrou algo em seu ouvido que ela riu no mesmo instante.
Mesmo não querendo pude perceber que ele também estava bastante suado.
- EU TO INDO!! TCHAUU - e foi com essa última frase que fui observando de canto de olho eles entrarem no elevador.
Ela estava de biquini e ele de sunga, provavelmente indo para a piscina do prédio. O que não explicava porque ambos pareciam ter corrido uma maratona.
Aqueles olhos verdes, aquele cabelo ruivo até o meio das costas e as curvas. Ah, que curvas. Fiquei esperando na porta ainda pensando nela, em como nosso olhos se encontraram em um primeiro momento e como foi mágico. Em como tive vontade de ficar na ponta dos pés e beijá-la.


E em pouco tempo gravei tudo que vi dela. Reparei que seu bikini era branco com bolinhas pretas, que ele amarrava no pescoço, que havia um machucado estranho no seu tornozelo direito, suas unhas estavam pintadas de azul e que seu cabelo estava preso em um simples rabo de cavalo.


Seus seios eram grandes, que tive que me controlar para não ficar olhando muito, mas consegui reparar em uma mancha que ela tinha no seio esquerdo com a forma de uma estrela. Enquanto gritava pela mãe, pude apreciar o perfil de seu rosto, e quando saiu em direção ao elevador vi que sua bunda não era caída.


Continuei ali em pé imaginando o que aconteceria se só eu e ela ficassemos sozinhas.por alguns momentos. Estava perdida em meu pensamentos quando a mãe dela chegou na porta.
- Me desculpe faze-la esperar! Mas não gosto quando ele vem, então me tranco no meu quarto. - foi somente o que ela disse, enquanto fazia um movimento para eu entrar.
Entrei observando cada centimetro da casa, olhando o teto, as paredes, a decorção, o chão.
Na entrada havia uma televisão de tela plana, um sofá de couro de três lugares em frente. Ele não encostava no chão e foi ai quando vi. Um pacote de camisinha aberto.
- Você está bem?
Sacudi a cabeça saindo de meus pensamentos e pude perceber que estava vermelha, mas naquela hora ainda não tinha entendido o porque.
- Estou sim.
- Então essa é a sala, para lá é o meu quarto e o da Julia, para lá a cozinha e o quarto de empregada. - foi apontando enquanto falava.
- Julia?
- Sim, minha filha.
Senti meu coração disparando, então esse era o nome dela.
- Espero que não se encomode, mas tenho que conversar com você sobre daqui a um mês. Sente-se porfavor. - ela fez um gesto para me sentar no sofá que sentei sem pestanejar.
Tudo o que eu imaginava sobre pessoas ricas estava errado, pelo menos sobre ela.
Havia sido super educada comigo e preocupada por morar longe. Conversamos durante duas horas em como seria meu trabalho ali, o que teria que fazer, o salário que iria ganhar. Tudo.
Acertamos tudo para começar na próxima quarta. A principio só viria as quartas, mas ela iria viajar e por isso precisaria que eu ficasse integralmente durante um mês.
Tenho a impressão de que na hora dei um sorriso de canto de boca.
- Então, você topa?
De novo fui acordada de meus pensamentos.
- Claro que sim! - tentei não parecer muito animada, mas foi tarde demais.
- Ah! Só tem uma coisa. - Ela levantou, foi na cozinha e escutei a porta da geladeira sendo aberta e fechada. Ela trazia consigo um estojo. - Porfavor! Não deixe ela esquecer de aplicar!
- Aplicar?
- Sim. - foi quando ela abriu e vi uma agulha com seis pequenos frascos - Ela é diabética, ela precisa tomar todo dia, antes de ir para o colégio. - colégio, então ela era nova, mesmo com aquele corpão - Se esquecer de tomar na ida, tem que tomar na volta! Os outros frascos estão em um isopor que fica na cozinha.
Me senti dona de uma grande responsabilidade, estava mais que ansiosa para começar aquele trabalho.
Nos despedimos, recebi parte do meu salário adiantado o que foi muito bom, já que precisava ir no mercado.


Ao entrar no elavador foi quando a ficha caiu.
Ela era uma garota! Além de ser mais nova!
Cansava de ver mulher bonita por ai, mas nunca havia ficado sexualmente atraida por uma. E ela ainda era mais nova, concerteza não teria chances. Ainda mais com um namorado.
Chegando no térreo, me perdi para sair, fiquei andando por uns minutos dentro do prédio e acabei saindo para a parte da piscina. Estava vazio.
Achei estranho, porque ambos estavam com roupa de praia e não estava ali. Ainda procurando a saída passei pelo local das saunas quando ouvi bem baixo aquele nome de cinco letras ser pronunciado.


- Julia vem cá!
Olhei para um lado, para o outro e percebi que o som estava vindo de dentro da sauna. Fiquei parada embaixo da janela para poder escutar mais.
- Não quero Gustavo! - a voz dela era bem firme.
- Ah quer sim!
- Me solta! - meus punhos foram cerrando automaticamente, que vontade de bater nele.
- Nem se eu pressionar com ele aqui?
Gemidos.
- para.. não faz...
Mais gemidos.
- Agora tira a calcinha do biquini e vem cá.
Sai de lá a passos largos, quando finalmente achei a saída meu pai e meu irmão estavam me esperando. Eu vermelha com cara de zangada e eles me perguntando o que havia acontecido. Consegui convece-los de que havia sido por que me perdi.

Voltei lá na quarta e não a encontrei.
Já havia desistido dela, desdo o momento que a ouvi gemer para outro.
Seu quarto era pintado com rosa-bebê e tinha tantas coisas. Desde bonecas a carros de esporte. Tinha uma parte com troféus e medalhas, de vários esportes. Principalmente de vôlei.
Por isso era tão magra, se exercitava bastante.
Passei o dia limpando tudo, cada centimentro da casa.
Não havia ninguém lá durante o dia inteiro. Já havia acabado e guardava minhas coisas quando ouvi elas chegando
- Não quero saber! Você não tinha o direito!
- Claro que tinha! Sou sua mãe!
- E ele meu professor!
Apenas ouvi a porta do quarto batendo, quando sai da cozinha vi sua mãe sentada no sofá meio triste.
Tentei não fazer barulho e fui me dirigindo a porta mas ela me viu antes que eu conseguisse sair.
- Ah, desculpa por...
- Tudo bem, faz parte. Até semana que vem! - sai num pulo e fechei a porta atrás de mim.
Desci o mais rápido possivel, o que foi desnecessário já que a porta de vidro estava trancada. Não queria subir, então fiquei esperando alguém passar, o que demorou quase uma hora.
Fui para casa sozinha dessa vez, tinha algo na escola de meu irmão que meu pai precisava comparecer. Não lembro, pois quando me contaram me perdia nos pensamentos sobre uns certos olhos verdes.


A quarta seguinte demorou para chegar.
Mas não me arrependo nem um pouco de esperá-la.
Já havia desistido de Julia, mas ainda tinha uma certa necessidade de te-la, somente por um momento em que poderia chamá-la de minha. Mas minhas esperanças eram nulas naquele momento.
Vi a hora em que ela chegou em casa, irritada com a escola e se jogou no sofá e por ali ficou.
Na hora de ir embora a mãe dela apenas disse: - Aqui está seu pagamento. A Julia vai descer e abrir o portão para você.
Meu coração disparou, completamente.
Tentei me manter calma por isso sai e fiquei ao lado do elevador respirando fundo.
Ela passou por mim tão rápido, estava irritada.
Me senti triste por estar fazendo ela fazer algo que não quer, mas não tinha outra opção.
Ao mesmo tempo fomos apertar o botão e nossas mãos se esbarraram.
Fiquei sem-graça e nem olhei para ela, mas senti olhares sobre mim. E quando vi que ela estava me olhando sorri com o canto da boca, estava feliz por ela finalmente estar me notando.
Nunca tinha desejado alguém desse jeito, ainda mais uma mulher. Para mim não importa se for homem ou mulher, só quero que seja reciproco.
Ela parecia incomodada quando encostou na parede e suspirou profundamente.
Foi quando aconteceu.


O elevador deu um tranco e eu cai. Estava totalmente distraida, mas percebi na hora braços me segurando.
Era ela evitando para eu não cair.
Segurei no braço dela instintivamente e meu cabelo caiu sobre o rosto.
Lentamente ela foi tirando ele, acariciou de leve meu rosto e pescoço até chegar em meu seio, que ela apertou. Fiquei realmente surpresa mas mantive a mesma expressão. Ela parecia não saber o que estava fazendo, porque derepente ela me soltou e encostou na parede meia abalada.
Não podia deixa-la daquela jeito, tinha quer fazer alguma coisa.
Foi quando eu fiz.
Fui para frente dela, fiquei na ponta dos pés e a beijei.
Não aguentava mais me segurar, não aguentava mais tentar me enganar. Havia sido amor a primeira vistar e eu sabia.
A sensação foi maravilhosa quando ela começou a retribuir meu beijos e a me dar caricias.
O jeito que ela me tacou contra a parede, me beijando. O jeito como minha mão foi para intimidade dela e dela na minha.
O jeito como chegamos ao climax.
Como eu queria que não acabasse aquele momento.
E o infeliz do elevador tinha que voltar a funcionar.
Não trocamos nenhuma palavra mais, mas fiquei surpresa quando no hall ela me puxou para um último beijo.
Se eles não estivessem ali me esperando bem que eu iria voltar e beijá-la.
Meu irmão gritou por mãe e fiquei irritada, não queria que ela entendesse errado, mas era tarde demais porque só pude escutar a porta batendo bruscamente.
Fomos embora conversando sobre o dia de meu irmão, virei para uma última olhada, mas ela não estava mais lá.
Estava feliz, porque a partir de semana que vem veria ela todos os dias.

Não aguentei para esperar até quarta.
Na terça eu fui para lá, na esperança de ela estar em casa. Havia esquecido que ela estuda.
Coloquei a minha blusa mais provocante, e levei praticamente tudo meu na mala vermelha, o que não era muita coisa.
Antes de tocar a campainha fiquei nervosa, respirando fundo.
Toquei, mas não obtive resposta imediata.
Quando ouvi passos lá dentro e uma pessoa descabelada, com uma camisola de seda abriu a porta. Havia acordado ela. Mas não podia mostra meu desespero em ve-la.
- Bom dia. Julia, certo? - como se eu não tivesse gravado esse nome no fundo de minha alma.
- É..é... - ela meio ainda acordando, coçando o olhando, caguejando. Quando percebi que ela ainda não tinha entendido foi que eu falei.
- Posso entrar?
Ela me respondeu com um claro muito animado, fiquei tão feliz.
A mala era pesada e ela me ajudou, mesmo sem eu pedir. A cada minuto que passa consigo gostar cada vez mais dela.
O que foi estranho foi ela levando minha mala para o quarto dela, mas já que ela disse que ia ficar no da mãe, por mim tudo bem.
Estava tudo as mil maravilhas até ele chegar.
- DROGA! - foi o que sai da boca dela, e eu sorri por dentro. Ela estava feliz por eu estar lá.
Fui abrir a porta, porque é meu trabalho trabalhar na casa, porém quando abrir ele passou por mim com o maior desdém.
Mesmo da sala pude ouvir a conversar deles e ela tentando se desvincilar dele a todo custo.
- Julia? - me intrometi, não aguentava ve-la assim - Sua mãe deixou dinheiro para compras? - foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça, mas pude ver o desapontamento no rosto dela.
- Ah, tá na cozinha. Vem que eu te entrego. Te encontro lá em baixo. - e foi andando na minha frente, chegando lá ela apontou para o envelope em cima da mesa e disse - Mil é para você e o resto é despesa.
- Obrigada vou fazer as compras agora mesmo. - aonde eu estava com a cabeça? queria abraça-la beija-la, mas não com ele ali. - não fique chateada com ele, ele só quer o melhor para você. - nem eu mesma sabia o porque de dizer aquilo, apenas virei para sair quando falei a primeira coisa que me veio a cabeça - Sem contar que ainda temos outros dias para aproveitar - e com essa frase fui em direção a porta.
Fechei e fiquei encostada nela, sem saber o que tinha acontecido, nervosa, tremendo.
E foi quando aconteceu.
- Saí da frente!
Levantei a cabeça assustada.
- Me solta! Ta doendo! - olhei para a porta assustada. O que ele pensava estar fazendo com a minha Julia?
Ouvi os passos saindo da cozinha e indo para o quarto, abri a porta lentamente para não fazer ruidos, quando os gritos dela cessarão.
- Você faz muito escandalo.
Comecei a ficar preocupada e fui andando na ponta dos dedos até o quarto, aonde me encostei e vi o que ele estava fazendo.
Foi instinto mas assim que vi o abajur em cima da mesa, sabia o que fazer.
Ela estava tão assustada.
Falei uma mentira deslava só para me certificar de que ela estava bem.


Aquele rosto macio não merecia aquele traste.
Com uma certa dificuldade coloquei ele para fora, tranquei a porta e escrevi um bilhete dizendo que ele havai desmaiado e que Julia estava no colégio.
Passei na cozinha e preparei um chá. Quando me lembrei da barra de chocolate 80% cacau, que era amarga que ela podia comer que estava dentro do armário.
Coloquei o chá e o chocolate na mesa de centro, fui no quarto dela peguei um edredom e um travesseiro.
Voltei lá para busca-lá, estava realmente atordoada.
Coloquei ela deitada em meu colo e fiquei fazendo carinho.
Queria puxar assunto, mas achei que ela o faria quando estivesse preparada. E foi o que fez.

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