Capitulo 4 - Doia, Doia muito

O que ela pretende falando esse tipo de coisas?
Sempre fica me deixando confusa e vermelha.

Não consegui falar nada, como sempre e na hora que fui tentar puxá-la para conversar a vi saindo pela porta enquanto Gustavo ficava parado na minha frente.
- Saí da frente! - praticamente gritei na cara dele enquanto tentava passar, o que é meio impossivel já que ele pratica Rugby. Rugby é tipo Futebol Americano, mas sem proteção, ou seja, ele é dobro de brutamonte que esses caras geralmente são. Além de ser mais alto que eu e absulutamente mais forte. Geralmente consigo ser mais rápida e me esquivar quando ele tenta me pegar, mas nessa hora estava tão distraida acompanhando a porta fechar que só senti a mão bruta dele em volta do meu braço quando já estava doendo.
- Me solta! Ta doendo! - era o que eu falava puxando meu braço na tentativa falha de me soltar.

Ele não falou nada, me encarou com aqueles grandes olhos azuis que demonstravam raiva e rancor, virou o rosto e começou a me puxar em direção ao quarto de minha mãe.
Me debatia, sacudia, até mesmo tentei me agarrar da quina da parede para ver se ele me soltava. Ele apenas me puxou mais forte que fui deslizando para perto dele. Quando chegamos a beira da cama não aguentava mais de gritar, de bater contra aquele braço super desenvolvido que minha única reação foi dar um tapa no rosto dele. Mesmo eu concentrando toda minha força naquele tapa, o rosto dele mal se mexeu. Ele voltou seu rosto lentamente para mim, agora seus olhos expressavam apenas ódio. A sorte é que a cama da minha mãe é extremamente macia, senão teria me machucado quando ele me jogou lá. Tentei engatinhar para fora da cama, mas fui empedida por ele puxando a minha perna para perto dele. Como ele já não tentava ser delicado quando me virou para eu ficar olhando para ele quase quebrou meu braço.


Já estava em total pânico, por mais que fosse inútil gritava por socorro, xingava ele e tentava sair dali e ele continuava me puxando para baixo.
Até quando ele decidiu falar depois de tanto tempo.

- Você faz muito escandalo. - e com essa frase ele enfiou algo em minha boca, não sei quando ele pegou aquilo ou nem mesmo sei o que era, a única coisa que sei é que era de pano e estava fazendo eu não reproduzir nenhum som. Mais que nunca comecei a tentar fugir, ele apenas segurou meus dois pulsos, acima da minha cabeça com uma mão só.
E doía, doia muito.
Tinha parado de me debater para olhar para ele, tinha certeza de que ao mesmo tempo que meus olhos demosntravam raiva por ele, demonstravam pavor, porque ele colocou e não tirou um sorriso de canto de boca.
Foi enquanto eu o encarava que escutei aquele barulho, que todos nós reconhecemos, mas precisa estar silêncio para se ouvir.
O barulho de um zíper abrindo.
Levantei a cabeça assustada e olhei para a mão dele, nas calças, abrindo o zíper tirando seu membro já excitado.
Comecei a me debater como nunca, mas a medida que eu me mexia mais ele apertava meus pulsos.

Comecei a sentir sua mão gelada percorrendo minha cintura e indo em direção ao meu short do pijama que ele tirou em uma puxada só. Lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos enquanto eu os fechava.
Senti aquela mão aspera subindo pela minha coxa, porém após uma barulho metálico ela parou de se mexer e senti o corpo dele caindo sobre o meu.
Abri meus os olhos desesperada, quando vi Jennifer segurando o abjur em sua mão meio torto. Foi quando somei as coisas. Ela havia me defendido.
Esperava que ela estivesse tremendo, com medo, ao menos nervosa mas não.
Estava segura de si, com um olhar que nunca tinha visto antes. Colocou na cama o abujar gravemente amassado e empurrou o corpo desacordado de Guilherme para o lado.

- Eu tinha esquecido a lista de compras e quando estava na porta ouvi gritos, e quando não ouvi mais comecei a me preocupar - ela se aproximou e com aquela mão pequenina secou minhas lágrimas - você está bem?
Só conseguia balançar a cabeça em concordancia, meus pulsos estavam inchados e roxos e realmente havia chocada, nunca iria imaginar isso dele. Ainda bem que ela estava ali para me proteger.
Continuei estática sentada na cama, enquanto ela colocou o corpo dele do lado de fora, com um bilhete que falava que ele havia desmaiado e eu ido para o colégio e trancou a porta.
Quando ela voltou até aonde eu estava, sentou do meu lado e sussurou suavemente no meu ouvido.
- Vamos ver um pouco de tv? - e foi me ajudando a levantar enquanto me conduzia para sala.

Chegando lá tinha uma xícara de chá em cima da mesa de centro, uma barra de chocolate, um cobertor em cima do sofá e um travesseiro.
Antes que eu pudesse perceber ela se sentou no sofá e fez sinal para eu deitar apoiando minha cabeça no travesseiro que agora estava no colo dela.
Deitei-me de lado, observando o canal de desenhos que passava na tv. Não muito tempo depois comecei a sentir sua mão acariciando meu cabelo e assim se passaram umas duas horas.

Não aguentava mais ficar naquele silêncio, queria puxar assunto. Antes eu tivesse ficado queita ou pensado melhor no que falar.
- Seu marido e seu filho tem muita sorte. - não queria encará-la para ouvir a verdade.
- Marido e filho? - o tom ironico reinava em sua voz - Você quer dizer os que vieram me buscar semana passada?
- É! - meu tom de birra era facilmente perceptivel, não queria dividi-la com mais ninguém.
Foi quando meus pensamentos foram interrompidos por uma gargalhada. Mas não gargalhadinhas, digo aquela alta, cheia de vontade e super sincera.
- Ele não é meu marido e ele muito menos meu filho!
- Como não? - falei me levantando e ficando sentada encarando-a - ele te chamou de mãe, isso não tem como negar.
- Não é porque uma coisa parece, que é verdade. Você devia saber disso - e com essa última palavra ela olhou para a porta e voltou a me olhar como se estivesse vendo minha alma.
- Então, quem são? - tinha alterado minha voz, quando percebi o tom, fiquei envergonhada e virei o rosto.
- Meu pai e meu irmão. Minha mãe morreu muito nova, para ele sou a figura materna.
Estava abismada, chocada.
Quando estou com ela, nunca penso nas minhas ações. Quando percebi estava abraçando-a, escondendo meu rosto no seu ombro.
- Eu gosto de você - meu coração batia acelerado por estar me declarando, mas principalmente por estar admitindo que gostava de uma mulher do mesmo jeito que um dia cheguei a gostar de Guilherme Gustavo.


Gentilmente foi o jeito que senti seus braços me envolverem, retribuindo meu abraço.
- Também gosto de você. - apertei-a ainda mais, ao ouvir aquelas doces palavras sendo soadas em meu ouvido.
Finalmente podia relaxar.
Senti sua mão passando pelo meu rosto e fazendo meu queixo levantar. Ela segurava ele tão gentilmente de um jeito que Gustavo nunca havia feito. Ela ficava me olhando, sorrindo com os olhos.
- Eu gosto de você - e foi com essas palavras que ela me puxou para perto e selou seus doces lábios contra os meus.
E assim ficamos por incontáveis minutos, juntas em um beijo que parecia eterno.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obriga por ler.
Se puder deixar sua opinião, será muito bem vindo.